E precisa ser sério?

20.11.06

Ela e suas irmãs

Os dias iam passando, a idéia amadurecendo e a vontade de fazer algo bom pra ela chegava a me incomodar.

No dia marcado, logo cedo li na folhinha "Dia de Penitência".
- Ahhhh - disse em voz alta - hoje não... Hoje não!.

Chegando no trabalho tratei de me organizar. Listei telefones de floriculturas, pesquisei preços, repassei os itens e refiz meus horários.
- 21:30 lá, nada de chegar antes! Caso contrário vai ter que ficar na portaria conversando com o porteiro Paulo, o amigão.

Tive a sensação de estar sendo um pouco óbvio. Inteligente como só ela, claro que sacaria algo como um jantar romântico e coisa e tal. Então tinha que ter algo a mais.

Enfretei as minhas "penitências" do dia. E ela, as dela.

Enquanto eu corria do quarto pra cozinha inúmeras vezes sem saber o que fazer na cozinha, mas fazendo exatamente o que tinha sonhado no quarto, o telefone toca.
- Vou ter que ir praí antes do horário, senão vou pegar chuvar e etc. - Fudeu, pensei.
- Te ligo daqui a pouco. - Precisava de um tempo pra pensar. Então resolvi que o "tchan" da noite seria no quarto, não o jantar.
- Vem pra cá, você vai me ajudar com a merenda, traga o vinho. - Pois é, não consegui comprar o vinho, e isso não é problema, ela sempre escolhe melhor. E também cozinha melhor.

A restrição foi passada.
- Você não pode entrar no quarto. - Disse tentando relaxar.

Ansioso, jantei, calibrei no vinho e pensei - é agora!. Com os olhos vendados, a fiz entrar descalça no quarto, de costas. O cheiro já entregava a situação. Nos primeiros passos ela estranhou. O trip-hop downtempo preenchia o espaço. Quando sentou na cama ainda vendada, tateou ao redor com uma cara de quem tava quase sabendo o que era aquilo. Abriu os olhos e se deparou com as paredes refletindo um tom avermelhado que fugia de debaixo da cama. Assim como o chão, a cama toda coberta de pétalas vermelhas.

Ela deitada, sorrindo, jogando pétalas pra cima, a imagem mais linda que meus olhos já registraram nessa vida.

Eu?
Parado, hipnotizado. Sem conseguir sequer entender tamanha felicidade que eu sentia.

Acho que nem eu tenho noção do quanto amo essa mulher.